sexta-feira, 28 de setembro de 2012

"EXPERIÊNCIA"

Nov 17, '08 6:38 PM
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VOCÊ TEM EXPERIÊNCIA?



Num processo de seleção da Volkswagen, os candidatos deveriam responder aseguinte pergunta:

"Você tem experiência?"

A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e ele com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.


REDAÇÃO VENCEDORA:


Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar.

Já me queimei brincando com vela.

Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.

Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.

Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.

Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.

Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.

Já roubei beijo.

Já confundi sentimentos.

Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.

Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro.

Já me cortei fazendo a barba apressado.

Já chorei ouvindo música no ônibus.

Já tentei esquecer algumas pessoas,
mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.

Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrela.

Já subi em árvore pra roubar fruta.

Já caí da escada de bunda.

Já fiz juras eternas.

Já escrevi no muro da escola.

Já chorei sentado no chão do banheiro.

Já fugi de casapra sempre, e voltei no outro instante.

Já corri pra não deixar alguém chorando.

Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.

Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado.

Já me joguei na piscina sem vontade de voltar.

Já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios.

Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.

Já senti medo do escuro.

Já tremi de nervoso.

Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.

Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.

Já apostei em correr descalço na rua.

Já gritei de felicidade.

Já roubei rosas num enorme jardim.

Já me apaixonei e achei que era para sempre,
mas sempre era um "para sempre"pela metade.

Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol.

Já chorei por ver amigos partindo,
mas descobri que logo chegam novos,
e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas coisas feitas,
momentos fotografados pelas lentes da emoção,
guardados num baú, chamado coração.

E agora um formulário me interroga,
me encosta na parede e grita:


"Qual sua experiência?".


Essa pergunta ecoa no meu cérebro:

experiência... experiência...
Será que ser " plantador de sorrisos" é uma boa experiência?

Não!

Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!

Agora gostaria de indagar uma pequena coisa
para quem formulou esta pergunta:


Experiência?

Quem a tem, se a todo momento tudo se renova...?


Atenciosamente,

Leonardo Rodrigues Fernandes
Estágiário / Coordenação
Telefone: 31...
Minerconsult Engenharia
Uma empresa do grupo SNC-LAVALIN

"DESAPEGO"

Nov 17, '08 6:49 PM
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"A CHAMA DA ALMA"
 

Havia um rei que apesar de ser muito rico, tinha a fama de ser um grande doador, desapegado de sua riqueza.
De uma forma bastante estranha, quanto mais ele doava ao seu povo, auxiliando-o, mais os cofres do seu fabuloso palácio se enchiam.
 
Um dia, um sábio que estava passando por muitas dificuldades, procurou o rei. Ele queria descobrir qual era o segredo daquele monarca.
 
 Como sábio, ele pensava e não conseguia entender como é que o rei, que não estudava as sagradas escrituras, nem levava uma vida de penitência e renúncia, ao contrário, vivia rodeado de luxo e riquezas, podia não se contaminar com tantas coisas materiais.
 
Afinal, ele, como sábio, havia renunciado a todos os bens da terra, vivia meditando e estudando e, contudo, se reconhecia com muitas dificuldades na alma. Sentia-se em tormenta.
E o rei era virtuoso e amado por todos.
 
Ao chegar em frente ao rei, perguntou-lhe qual era o segredo de viver daquela forma, e ele lhe respondeu:
 
"Acenda uma lamparina e passe por todas as dependências do palácio e você descobrirá qual é o meu segredo."
 
Porém, há uma condição: se você deixar que a chama da lamparina se apague, cairá morto no mesmo instante.
 
O sábio pegou uma lamparina, acendeu e começou a visitar todas as salas do palácio. Duas horas depois voltou à presença do rei, que lhe perguntou:
 
"Você conseguiu ver todas as minhas riquezas?"
 
O sábio, que ainda estava tremendo da experiência porque temia perder a vida, se a chama apagasse, respondeu:
 
"Majestade, eu não vi absolutamente nada. Estava tão preocupado em manter acesa a chama da lamparina que só fui passando pelas salas, e não notei nada."
 
Com o olhar cheio de misericórdia, o rei contou o seu segredo:
 
"Pois é assim que eu vivo. Tenho toda minha atenção voltada para manter acesa a chama da minha alma que, embora tenha tantas riquezas, elas não me afetam."
 
 
 
"Tenho a consciência de que sou eu que preciso iluminar meu mundo com minha presença e não o contrário." (O'Donnel)
 

MUDE...

Jan 18, '09 7:51 PM
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Estive na Nova Zelândia, um país maravilhoso e lá eu tive a oportunidade de conhecer um mundo diferente , uma cultura singular deixada pelos nativos "MAORIS".
Eles usam muitos símbolos e um deles é o "KORU", extraído do formato do broto da samambaia gigante, a  " SILVER FERN" que prolifera em todas as matas do país.
O KORU, SIMBOLIZA ANTES DE TUDO O INÍCIO, COMEÇO E RECOMEÇO...NOVA VIDA.
"NEW BEGINNING"
Birth is a transformative time in life.   As a doula, my goal is to walk with you throughout your pregnancy and birth experience ~ supporting, educating, advocating & assisting in any way necessary. 
I hope to do this while encouraging an atmosphere of "new life, peace & strength."  This is the definition of Koru,  a Maori spiral symbol representing a young fern frond unfurling.  What an amazing image!
The koru is the Maori name given to the newborn, unfurling fern frond and symbolises new life, growth, strength and peace. It is an integral symbol in Maori carving and tattoos.
Por lá, encontra-se o KORU entalhado em jade, em madeira, em pedras, moldado em vidros, etc. É um símbolo muito usado.
Chegando de lá, após passar o Ano Novo, recebo essa mensagem dizendo exatamente o que o Koru maori simboliza.
A mensagem que vem  convidar para um recomeço, uma mudança de hábitos e atitudes!
Que 2009 seja um
"KORU"
MAORI NAS NOSSAS VIDAS.
Achei uma coincidência interessante e coloco aqui para partilhar com vocês, meus amigos virtuais.

Mude,mas comece devagar,
porque a direção é mais importante
que a velocidade.

Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.

Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente, observando com atenção
os lugares por onde
você passa.

Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.

Tire uma tarde inteira
para passear livremente na praia,
ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.

Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas
e portas com a mão esquerda.

Durma no outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.

Assista a outros programas de tv,
compre outros jornais...
leia outros livros,
Viva outros romances.

Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.

Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores,
novas delícias.

Tente o novo todo dia.
o novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor.
a nova vida.

Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.

Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.

Escolha outro mercado...
outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários.

Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.

Troque de bolsa,
de carteira,
de malas,
troque de carro,
compre novos óculos,
escreva outras poesias.

Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.

Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas,
outros cabeleireiros,
outros teatros,
visite novos museus.

Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego,uma nova ocupação,
um trabalho mais light,
mais prazeroso,
mais digno,
mais humano.

Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.

E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.

Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.

Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento,
o dinamismo,
a energia.
Só o que está morto não muda !

Repito por pura alegria de viver:
a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!!!!
Edson Marques

"VIVA EM PAZ"

Jan 19, '09 9:27 PM
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"VIVA EM PAZ"

Sonhe,
mas não deseje ser quem você não é. Isso é pesadelo.
Almeje,
 mas não queira uma vida igual a de outrem. Isso é morte.
Imagine,
 mas não fantasie com o que não pode ter. Isso é loucura.
Dispute,
mas não tente vencer o invencível. Isso é suicídio.
Fale,
mas não apenas de si próprio. Isso é egoísmo.
Apareça,
mas não se mostre com orgulho. Isso é exibicionismo.
Admire,
mas não se machuque com inveja. Isso é falta de auto-apoio.
Avalie,
mas não se coloque como modelo de conduta. Isso é egocentrismo.
Alegre-se,
 mas não em exagero e com alarde. Isso é desequilíbrio.
Elogie,
mas não se desmanche em bajulações. Isso é hipocrisia.
Observe,
 mas não faça julgamentos. Isso é baixa auto-avaliação.
Chore,
 mas não se declare um ser infeliz. Isso é auto-piedade.
Importe-se,
 mas não cuide da vida do próximo. Isso é abandonar sua própria vida.
Ande,
mas não atravesse o caminho alheio. Isso é invasão.
Viva,
feliz com o que pode ter.

Feliz com o que dá para ser.

Isso é
                                          Paz.
(Silvia Schimidt)

"HOMEM"

Jan 19, '09 9:40 PM
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Ah! Se todos os Homens conseguissem entender o que essas palavras aqui escritas significam...
 
 
Homem(Adna de Souza)



Quando és semente apenas,

é no corpo de uma Mulher que germinas...

 

Quando nasces chorando,

é nos braços de uma Mulher que te acalmas...

 

Quando sentes fome,

e nos seios de uma Mulher que te sacias...

 

Quando começas a falar,

é uma Mulher que te ensina as primeiras palavras...

 

Quando tentas andar,

é com auxílio de uma Mulher, que arriscas os primeiros passos...

 

Quando te preparas para enfrentar a vida,

é uma Mulher quem te incentiva e te molda o caráter...

 

Quando começas a despertar para o amor,

é uma Mulher que te faz sonhar...

 

Quando sentes solidão,

é uma Mulher que procuras, para ser tua companheira ao longo da vida...

 

Quando te multiplicas,

é uma Mulher que dá a luz aos teus filhos, dando continuidade a tua descendência...

 

Quando enfim entenderás,

que a Mulher compartilha com a natureza a criação da própria vida...

 

Quando enfim entenderás que dependes dela?

Respeite-a, ame-a, proteja-a, e certamente te sentirás mais Homem!
 
 

"EU QUERIA SABER..."


Maria Angela's Site"Viver é nascer a cada instante " 

Jan 20, '09 7:39 PM
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                 "EU QUERIA SABER..."    
                                   
Antes de morrer...
Eu queria saber
Porque você deixou
De me bem querer.

Nas asas do vento
O meu pensamento
Procura a razão,
O dia,
O momento,
Da morte do amor
Que deixou a dor
O meu corpo tomar
E da vida tirar a cor...

Eu queria saber...

Macx - Ctba- 1994

" MOSAICOS"

Jan 20, '09 7:56 PM
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"
Mosaicos...são pedacinhos coloridos, que isolados não dizem muito ou nada...
Juntos, formam um todo harmonioso e quando vistos de longe, num todo, nos dizem tudo, nos encantam ou espantam!
Vistos de perto, são feios quebrados, sem forma regular, sem elos...

Assim é a vida...
Pedacinhos...
Mosaico...
Caleidoscópio!
(Macx)

"PARA O RESTO DE NOSSAS VIDAS"-Silvana Duboc

Jan 22, '09 3:56 PM
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Pelo Resto de Nossas Vidas

Existem coisas pequenas e grandes,
coisas que levaremos para o resto de nossas vidas.
Talvez sejam poucas, quem sabe sejam muitas,
depende de cada um, depende da vida que cada um de nós levou.

Levaremos lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis para
nós, coisas que nos marcaram, que mexeram com a
nossa existência em algum instante.

Provavelmente iremos pela a vida a fora colecionando essas coisas,
colocando em ordem de grandeza cada detalhe que nos foi importante,
cada momento que interferiu nos nossos dias, que deixou marcas,
cada instante que foi cravado no nosso peito como uma tatuagem.

Marcas, isso... serão marcas, umas mais profundas,
outras superficiais porém com algum significado também.
Serão detalhes que guardaremos dentro de nós e que
se contarmos para terceiros talvez não tenha a menor importância
pois só nós saberemos o quanto foi incrível vivê-los.

Poderá ser uma música, quem sabe um livro, talvez uma poesia,
uma carta, um e-mail, uma viagem, uma frase que alguém tenha
nos dito num momento certo.

Poderá ser um raiar de sol, um buquê de flores que se recebeu,
um cartão de natal,
uma palavra amiga num momento preciso.

Talvez venha a ser um sentimento que foi abandonado,
uma decepção, a perda de alguém querido,
um certo encontro casual, um desencontro proposital.

Quem sabe uma amizade incomparável, um sonho que foi alcançado
após muita luta, um que deixou de existir por puro fracasso.
Pode ser simplesmente um instante, um olhar,
um sorriso, um perfume, um beijo.

Para o resto de nossas vidas levaremos pessoas guardadas dentro de nós.

Umas porque nos dedicaram um carinho enorme,
outras porque foram o objeto do nosso amor,
ainda outras por terem nos magoado profundamente,
quem sabe haverão algumas que deixarão marcas profundas
por terem sido tão rápidas em nossas vidas e terem conseguido
ainda assim plantar dentro de nós tanta coisa boa.

Lá na frente é que poderemos realmente saber a qualidade de vida
que tivemos, a quantidade de marcas que conseguimos carregar
conosco e a riqueza que cada uma delas guardou dentro de si.

Bem, lá na frente é que poderemos avaliar do que exatamente foi feita a
nossa vida, se de amor ou de rancor, se de alegrias ou
tristezas, se de vitórias ou derrotas, se de ilusões ou realidades.

Pensem sempre que hoje é só o começo de tudo, que se houver algo
errado ainda está em tempo de ser mudado e que o resto de
nossas vidas de certa forma ainda está em nossas mãos.


Silvana Duboc



"A LUA QUE NÃO DEI"...

Feb 4, '09 12:53 PM
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Publicada em 1/8/2008 no 'Correio Popular' - Campinas 

A Lua que não dei 
 
Compreendo pais - e me encanto com eles - que desejariam dar o mundo de presente aos filhos. E, no entanto, abomino os que, a cada fim de semana, dão tudo o que filhos lhes pedem nos shoppings onde exercitam arremedos de paternidade. E não há paradoxo nisso. Dar o mundo é sentir-se um pouco como Deus, que é essa a condição de um pai. Dar futilidades como barganha de amor é, penso eu, renunciar ao sagrado. 

 
Volto a narrar, por me parecer apropriado à croniqueta, o que me aconteceu ao ser pai pela primeira vez. Lá se vão, pois, 45 anos. Deslumbrado de paixão, eu olhava a menina no berço, via-a sugando os seios da mãe, esperneando na banheira, dormindo como anjo de carne. E, então, eu me prometia, prometendo-lhe: 'Dar-lhe-ei o mundo, meu amor.' E não lhe dei. E foi o que me salvou do egoísmo, da tola pretensão e da estupidez de confundir valores materiais com morais e espirituais. 

 
Não dei o mundo à minha filha, mas ela quis a Lua. E não me esqueço de como ela pediu, a Lua, há anos já tão distantes.
 
Eu a carregava nos braços, pequenina e apenas balbuciante, andando na calçada de nosso quarteirão, em tempos mais amenos, quando as pessoas conversavam às portas das casas.
Com ela junto ao peito, sentia-me o mais feliz homem do mundo, andando, cantarolando cantigas de ninar em plena calçada. Pois é a plenitude da felicidade um homem jovem poder carregar um filho como se acariciando as próprias entranhas. Minha filha era eu e eu era ela. Um pai é, sim, um pequeno Deus, o criador. E seu filho, a criatura bem amada. 
 
E foi, então, que conheci a impotência e os limites humanos. Pois a filhinha - a quem eu prometera o mundo - ergueu os bracinhos para o alto e começou a quase gritar, assanhada, deslumbrada:
 'Dá, dá, dá...' Ela descobrira a Lua e a queria para si, como ursinho de pelúcia, uma luminosa bola de brincar. Diante da magia do céu enfeitado de estrelas e de luar, minha filha me pediu a Lua e eu não lhe pude dar. 
 
A certeza de meus limites permitiu, porém, criar um pacto entre pai e filhos: se eles quisessem o impossível, fossem em busca dele. Eu lhes dera a vida, asas de voar, diretrizes, crença no amor e, portanto, estímulo aos grandes sonhos. E o sonho da primogênita começou a acontecer, num simbolismo que, ainda hoje, me amolece o coração. Pois, ainda adolescente, lá se foi ela embora, querendo estudar no Exterior. Vi-a embarcar, a alma sangrando-me de saudade, a voz profética de Kalil Gibran em sussurros de consolo:
 
 
'Vossos filhos não são vossos filhos, mas são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Eles vêm através de vós, mas não de nós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. (...) Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.'
 
 
Foi o que vivi, quando o avião decolou, minha criança a bordo. No céu, havia uma Lua enorme, imensa. A certeza da separação foi dilacerante. Minha filha fôra buscar a Lua que eu não lhe dera. 

 
E eu precisava conviver com a coerência do que transmitira aos filhos: 'O lar não é o lugar de se ficar, mas para onde voltar.' 

 
Que os filhos sejam preparados para irem-se, com a certeza de ter para onde voltar quando o cansaço, a derrota ou o desânimo inevitáveis lhes machucarem a alma. Ao ver o avião, como num filme de Spielberg, sombrear a Lua, levando-me a filha querida, o salgado das lágrimas se transformou em doçura de conforto com Kalil Gibran: como pai, não dando o mundo nem Lua aos filhos, me senti arqueiro e arco, arremessando a flecha viva em direção ao mistério. 

 
Ora, mesmo sendo avós, temos, sim e ainda, filhos a criar, pois família é uma tribo em construção permanente. Pais envelhecem, filhos crescem, dão-nos netos e isso é a construção, o centro do mundo onde a obra da criação se renova sem nunca completar-se. De guerreiros que foram, pais se tornam pajés. E mães, curandeiras de alma e de corpo. É quando a tribo se fortalece com conselheiros, sábios que conhecem os mistérios da grande arquitetura familiar, com régua, esquadro, compasso e fio de prumo. E com palmatória moral para ensinar o óbvio: se o dever premia, o erro cobra. 

 
Escrevo, pois, de angústias, acho que angústias de pajé, de índio velho. A nossa construção está ruindo, pois feita em areia movediça. É minúsculo o mundo que pais querem dar aos filhos: o dos shoppings. E não há mais crianças e adolescentes desejando a Lua como brinquedo ou como conquista. Sem sonhos, os tetos são baixos e o infinito pode ser comprado em lojas. Sem sonhos, não há necessidade de arqueiros arremessando flechas vivas.
 
 
Na construção familiar, temos erguido paredes. Mas, dentro delas, haverá gente de verdade?

"PRECISO DE ALGUÉM

Feb 4, '09 1:37 PM
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"PRECISO DE ALGUÉM "
(Cristiana Passinato)


Que me olhe nos olhos quando falo.
Que ouça as minhas tristezas e neuroses com paciência.
E, ainda que não compreenda, respeite os meus sentimentos.

Preciso de alguém, que venha brigar ao meu lado sem precisar ser convocado;
alguém Amigo o suficiente para dizer-me as verdades que não quero ouvir,
mesmo sabendo que posso odiá-lo por isso.

Nesse mundo de céticos, preciso de alguém que creia,
nessa coisa misteriosa, desacreditada, quase impossível:
A Amizade.

Que teime em ser leal, simples e justo, que não vá embora se algum dia eu perder o meu ouro
e não for mais a sensação da festa.

Preciso de um Amigo que receba com gratidão o meu auxílio, a minha mão estendida.
Mesmo que isto seja muito pouco para suas necessidades.

Preciso de um Amigo que também seja companheiro,
 nas farras e pescarias,
nas guerras e alegrias,
e que no meio da tempestade, grite em coro comigo:

'Nós ainda vamos rir muito disso tudo',
 e ria muito.

Não pude escolher aqueles que me trouxeram ao mundo, mas posso escolher meu Amigo.
E nessa busca empenho a minha própria alma, pois com uma
 Amizade Verdadeira,
a vida se torna mais simples, mais rica e mais bela.